Atrair (flechar) o outro é ao mesmo tempo tocar uma parte de si mesmo; é um meio
de integrar os aspectos vistos no outro, dos quais decorrem dois problemas: o primeiro é
que o outro não é só o que vemos, mas uma totalidade que nós não conhecemos.
Em geral,
no enredo das crises familiares o elemento da projeção desempenha o papel principal.
Um dos mais antigos simbolismos da projeção é aquele do projétil, ou melhor, da
flecha ou disparo mágico que prejudica os homens. Na Mitologia, são especialmente
Apolo e Ártemis que, com suas flechas, enviam a morte e a doença. Entretanto elas não só
podem causar doença e morte, mas também a comoção repentina da paixão amorosa como
a que provém das setas do deus Éros.
Na mitologia hindu, o deus do amor, Kama, aparece
armado de arco e flecha, e Buda designa o desejo ávido como flecha.
A palavra “projeção”
vem do vocábulo latino pro + jacere, “atirar à frente”.
Amamos no outro o que não reconhecemos em nós, mas também odiamos no outro o
que não admitimos possuir. Assim, surgem as grandes paixões e ódios, pois a realidade do
outro fica mascarada, obscurecida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário