quinta-feira, 7 de abril de 2016

AMOR E ÓDIO UM PEQUENO SALTO

"Só consigo pensar em você com a garota.
Quantas vezes foram? Sete? só precisou disso
pra engravidá-la. É isso que eu levo.
Você fica triste, árida, até uma mulher morta
é mais mulher que você..."
Com essa narrativa a sedutora, poderosa advogada e professora criminal Annalise De Witt se apresenta vulnerável diante das traições do marido, dessa maneira somos apresentados à essa personagem fascinante da série How to get away with murder, criada por Peter Nowark e que pode ser vista no Netflix.

Annalise é uma mulher independente,forte, decidida, advogada com sucesso nos casos que representa, objeto de desejo dos seus alunos fazer parte de sua equipe, respeitada por seus clientes, vive de desafios e vitórias nos tribunais.
Confiou no homem que amou, Sam seu marido por muitos anos e se deu mal, se apaixonou por seu charme desonesto, conviveu com mentiras e desculpas.
Sam desestruturou Annalise emocionalmente porque ela permitiu que isso acontecesse, sabia das traições do marido e negou, sentiu-se responsável de alguma forma, acreditou que se o perdoasse seria a única mulher a quem confessaria o que sente, pensava ter uma conexão especial com ele, na realidade sentia-se especial pra ele. Perdeu a causa. Sam não se entregou, não se comprometeu, prometeu o mundo a ela em um prato guarnecido com salcinha,mentiras, ressentimentos, a ponto de surgir a nua verdade da relação em que ela se vê uma mulher vulgar, monstruosa quando ela confronta o marido a dizer a verdade sobre o que sentia por ela:
Sam:Você é um monstro
Annalise:Monstro, só isso, consegue coisa melhor
Sam:Quer a verdade?
         Você não passa de uma gostosa, foi isso que eu vi naquele dia que falei com você
          sabia que daria em sexo. É só pra isso que você serve, sexo sujo e violento, que
          me dá muita vergonha de contar para alguém.
          Você é falsa assim, sua vadia nojeta.
Annalise:Bem...finalmente foi capaz de dizer a verdade.


A partir daí ela toma a "justiça pelas próprias mãos" e com amor, ofendida, humilhada, articula a morte do marido e o faz de maneira incrível, sem perder o tom emocional, com toques de racionalidade que só uma mulher muito machucada ao longo dos anos é capaz de ter.
Em um momento da série quando conversa com a cunhada expressa com emoção visceral:

"Ele  não é o homem que pensamos!"


É assim que sentimos quando o homem que amamos nos decepciona, humilha e trata como uma qualquer: ele não é o homem que pensamos. A partir daí estamos prontas para metaforicamente matar esse homem dentro de nós, Annalise foi mais longe e não deixa de ser apaixonante por isso, fez na ficção aquilo que não fazemos na realidade.
Annalise levou muito tempo, adoeceu, tornou-se uma assassina, muitas de nós adoecem também, relacionamentos tóxicos, não saudáveis, sinalizam que não estamos bem e porque não, precisamos de ajuda.
Sam seria o homem errado na vida de Annelise? Qual a diferença de um homem "errado" para um homem "certo"?  O assunto é complexo, mas tem algo que é muito simples: a maneira como ele te trata e as atitudes que tem em relação ao que vocês dois tem juntos, o que ele diz tem que ter coerência com o que ele faz. Simples assim.